Ginásio antigo.
Vale a pena recordar, relembrar como era antes nossa escola, nossos diretores, professores. (Essa página está sendo atualizada aos poucos) - Última atualização 07/04/2011 14:50h
SALVE NOSSOS 90 ANOS !
Celebrar é viver.
Vindos de longe ou perto ou residentes na cidade, aqui estamos em Leopoldina jovens de várias das nove décadas de existência do educandário fundado em 1906 pelos irmãos José e Custódio Junqueira.Aqui viemos, alegres e reverentes, homenagear uma idéia-força vitoriosa, que se materializou num edifício majestoso e numa instituição educacional modelar, a qual viria a ser parte importante das vidas da grande maioria dos cinqüenta mil estudantes que por ela passaram.Aqui viemos, comovidos, reviver emoções e recordar episódios e personagens marcantes na nossa formação para a vida social, crítica, cultural e sentimental -, abraçar ou homenagear ex-colegas e amigos, diretores, professores e funcionários da nossa ‘alma mater’, assim como amigos das ‘sagradas famílias’ que nós, os de fora, fizemos na cidade ou em cidades próximas, através dos ‘amigos-irmãos’ do Ginásio.
Aqui viemos celebrar a vida, a mocidade, a amizade tudo aquilo que tão intensamente vivemos no começo de uma caminhada, para tantos árdua, espinhosa, para a qual adquirimos aqui habilidades fundamentais e experiências gratificantes que nos acompanharam pela vida afora, as quais explicam, em grande parte, as nossas presenças neste Encontro.Aqui viemos constatar que, se mudamos todos fisicamente, ainda somos os mesmos no mais fundo, mais puro e mais belo de cada um de nós: nas dimensões essenciais da vida e do tempo, do amor e da consciência humana, testemunha solitária das grandezas e maravilhas do cosmo infinito...
Contudo, aqui viemos celebrar um presente vivo, não um passado extinto.Um presente ainda latejante em nossas veias, sangue do nosso sangue, parte integrante do nosso próprio modo de ser.Finalmente, aqui viemos para, em todos os pontos da cidade em que estaremos juntos, mas particularmente ante as queridas colunatas do nosso Ginásio, render o tributo sagrado da gratidão a todos os que de algum modo contribuíram para a nossa formação como pessoas e para a nossa felicidade, a de então e a de hoje inseparáveis uma da outra pelo mágico, delicioso poder da saudade benfazeja.
Salve 3 de junho de 1906! Salve, 3 de junho de 1996! Salve Gymnásio / Ginásio / Colégio Leopoldinense! Salve Escola Estadual Prof. Botelho Reis!
 
GYMNASIO LEOPOLDINENSE
(No dia de sua inauguração)

O amor, o imenso amor que tributar devemos
Ao nosso lar querido, à Pátria e à Humanidade;
E, abrindo o coração à Fé e à Caridade,
O profundo respeito aos desígnios supremos;

O enérgico valor que nos lances extremos
Espanca de nossa alma a densa escuridade
E nos salva o batel da horrenda tempestade
- Velas rôtas, embora, e quebrados os remos...

Tudo isto aprendereis aqui, Vós que impacientes
Buscais a luz...Entrai, ó jovens combatentes,
Porque haveis de entoar o Hymno da Victoria!

Entrai! Que, desafiando as duras leis do fado,
Estará sempre aberto este Templo Sagrado
- Ao caminho da Paz, à conquista da Glória!

Dr. Abel Tavares de Lacerda
3 de junho de 1906

HINO DOS 90 ANOS

Com lágrimas douradas de saudade,
Aqui venho, meu Colégio,
Com o mesmo ardor da minha mocidade,
Aqui venho, meu Colégio,
Saudar-te, comovido, neste di
- Parabéns, ó meu Colégi!...
Aqui sorvi saber e alegria
- Obrigado, meu Colégio!...

Amiga, amigo,
Teu pranto eu bendigo;
Se o tempo passou,
O encanto aumentou:
No brilho das meninas dos teus olhos,
Eu me vejo no Colégio;
Na jovem alegria do teu rosto,
Eu te vejo no Colégio,
Na força e no calor do nosso abraço,
Nós nos vemos no Colégio,
Vivendo e revivendo passo a passo,
Os encantos do Colégio...

Amiga, amigo,
Teu canto eu bendigo:
Há luz e louvor
Neste hino de amor.

Música e Letra: Deodato Rivera - 1996

 
Encontros e Reencontros
Homenageamos e abraçamos aqui a todos os idealizadores e organizadores dos cinco Encontros de Ex-alunos, que desde 1979 têm aproximado, entusiasmado e encantado vários milhares de pessoas, algumas vindas de pontos distantes do país e até do exterior.Nossos parabéns aos criadores e voluntários da nossa Associação de Antigos Alunos (A3GL) e a todos os componentes das diversas comissões, a cada ano organizadas para montar e viabilizar esta festa.Sem esse trabalho dedicado, e sempre muito árduo, a idéia feliz dos Encontros teria ficado no sonho utópico, não no sonho produtivo, aquele que gera o processo de sua própria materialização...
 
Recordações e Homenagens!

A MESTRA-SÍNTESE

Deodato Rivera

Nunca, desde que saí do Colégio em 154 e me mudei para o Rio e para o mundo, deixei de recordar Dona Judith, essa mestra exemplar que, para mim, sintetiza todas as virtudes daquela plêiade extraordinária de professores da minha geração no Colégio.Nunca voltei a Leopoldina sem subir a ladeira da Catedral para visitá-la: seria como ir a Roma sem ver o Papa...
Ela me recebia sempre como um filho pródigo: iluminado o rosto, olhos brilhantes, gestos suaves, memória prodigiosa, ternura inesgotável, solicitude à flor da pele.Assim era Dona Judith.Uma mulher do povo, sempre preocupada com o seu país, principalmente com a juventude.Uma mãe e avó exemplar, uma mestra e amiga inesquecível.A ela devo, muitos devemos, à sua dedicação pedagógica, esse amor que tenho pelo idioma, o prazer de escrever, a alegria de encontrar a melhor maneira de transmitir pensamentos e sentimentos, tocando a compreensão e a sensibilidade do leitor.
Escrevi, num poema de exílio, evocando o Colégio e os professores, que Dona Judith merecia uma estátua em Leopoldina.Agora me dou conta de que, em sua modéstia, até a estátua lhe ficaria mal.Para quê, se quem conviveu com ela e a viu como era "translucidamente humana" não precisará nunca de estátua para lembrá-la, e se os que não a conheceram serão incapazes de imaginar, pela estátua, por melhor realizada, quem foi realmente a destinatária da homenagem ?
Não.Judith Lintz Guedes Machado, a mestra-síntese das décadas de ouro do Colégio Leopoldinense, vive, encantada, em cada pedra do caminho que fazia diariamente da Catedral ao Colégio, do Colégio à Catedral, em cada coluna do Colégio, em cada ladrilho das varandas, onde esperava o sinal da aula, em cada tábua e em cada parede das salas onde sua voz incansável e pródiga ressoará sempre, chamando-nos ao dever e ao prazer de aprender a língua pátria...
Ela não precisa virar estátua nem nome de praça ou rua: há muito tempo Judith Lintz Guedes Machado virou luz benfazeja e inextinguível no Colégio, na cidade e em nós, que tivemos o privilégio de conhecê-la e amá-la.

(Brasília, 29/04/91 Especial para o jornal EQUIPE, edição comemorativa dos 85 anos do Colégio)

PROFESSOR GUEDES MACHADO
Erymá Carneiro

São muitas as recordações que tenho de minha passagem, ainda adolescente, pelo Ginásio de Leopoldina.Mas, sem sombra de dúvida, a maior e mais marcante foi a da personalidade de meu professor de Matemática, Professor Guedes Machado.
Elegante e bem-vestido, o Professor entrava na sala, pegava logo no giz, escrevia no quadro negro um exercício qualquer e começava logo a desenvolver a aula, em seguida, passava a exigir a participação dos alunos.Criando um centro de interesse em cada aluno, com sua clara exposição, timbrava em reprisar e repetir a matéria até que os alunos compreendessem, acentuando, sempre, com aquele seu sotaque português: - Se não entenderam, digam, que eu torno a repetir.
Foi um professor exemplar e dele guardo uma carinhosa recordação.Eu morava na Rua Cotegipe, numa casa que hoje é ocupada por uma venda, ao lado do médico, Dr. Guimarães, e o Professor Guedes Machado morava numa das casas que existiam à beira da linha de trem, de forma que ele, para ir ao Ginásio, tinha que descer a rua Cotegipe, o que acontecia na mesma hora em que eu para o Ginásio me dirigia; e um dia seguimos juntos, ele a conversar comigo como se eu fosse gente...Nos outros dias passei a forçar a forçar esse encontro e chegamos a conversar com certa intimidade, eu com os meus 12 ou 13 anos (já lá se vão 7 décadas!).Um dia nós conversávamos e eu falei numa casa muito bonita, que lhe descrevi, exagerando: -- Todas as janelas têm vidraça de vidro!O Professor Guedes Machado sorriu e perguntou: -- Mas as vidraças são de vidro? E eu, ingenuamente, confirmei, e só me dei conta quando ele sorriu com bondade e me corrigiu.
O Professor Guedes Machado veio de Portugal para Leopoldina e aqui lecionou sempre, fazendo uma legião de fãs e de amigos e admiradores.Alto, magro, vestido discreta e elegantemente, sua figura se impunha pela distinção, além de professor dedicado aos alunos, como demonstrava por ocasião dos exames, perante as bancas examinadoras que vinham do Rio de Janeiro.
Foi um homem que cumpriu com honra e dignidade a sua missão terrena, um homem por quem eu tinha admiração e amizade, pois certa vez tive ocasião de receber sua visita em meu escritório no Rio de Janeiro; era já eu formado.
Sua memória permanece no meu espírito e no meu coração e, por certo, o grande poeta português Fernando Pessoa escreveu para pessoas como ele estes versos de seu conhecido poema Mar Português: Valeu a pena? / Tudo vale a pena / se a alma não é pequena.
Como professor, Guedes Machado representa para mim o homem que soube honrar o seu destino, sempre dedicado ao ensino, pelo que o considero um dos construtores da grandeza do Ginásio Leopoldinense, de que me orgulho de ter sido aluno. (Rio de Janeiro, 29/04/91 Especial para o Jornal EQUIPE, edição comemorativa dos 85 anos do Colégio Leopoldinense).

DONA OLYMPINHA

Dona Olympinha que me desculpe,
Mas da história que aprendi no Ginásio
Já não me lembro grande coisa.
Porém, o que não estava nos livros
Sim, bondades que recordo.

Recordo por exemplo,
Quem era a responsável involuntária
Pelas recorrentes “epidemias” de paixonite aguda
Que grassavam no Internato:
Menino de olho fundo,
Evitando conversa
Faltando à pelada,
Suspirando languidamente
E perdendo o apetite pelo pecado
- não havia dúvida,
Era mais um que engrossava
As hostes dos apaixonados crônicos
De Dona Olympinha,
Maternalmente própria para deflagrar
Transferências edípicas,
Cujo esforço era reorientar
Para a História esses ardores juvenis,
Que não podiam passar-lhe desapercebidos...

Como esquecer Dona Olympinha?
Aquele jeito de falar tão doce,
Aquele andar pisando em ovos
Como quem não quer machucar as pedras...
Aquele respeito quase carinhoso
Com que ouvia os maiores absurdos históricos
De alunos absortos em sua beleza?...

Como esquecer Dona Olympinha,
Que conseguia fazer-nos estudar
Aquela chatérrima História oficial,
Só pelo prazer de vê-la sorrir contente,
Contente como Nossa Senhora
Em dia de primeira comunhão?

Deodato Rivera
Paris, 1978

 
 
 
Veja também: Galeria dos Diretores.
 
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